O extinto jornal “Folha do Norte” publicou que a Universidade Federal do Pará estava preparando um “espetáculo subversivo”. Tudo porque a instituição tinha convidado o diretor gaúcho Lineu Dias para desenvolver o projeto de Estudo de Pesquisas Teatrais. O texto escolhido foi “Pedreira das Almas”, do dramaturgo Jorge Andrade. Depois de quatro meses de ensaio, o ator Cláudio Barradas, que interpretava o coronel que comandava uma mina de ouro no século 19, recebeu uma missão. Antes da apresentação para a censura, Lineu Dias sugeriu ao ator: “Barradas, sempre que você puder, use palavrões, eles vão se prender a isso e esquecem o resto”. Mas como ele não avisou aos demais integrantes do elenco, os outros atores pensavam que Barradas tinha enlouquecido. “O pessoal da censura cortou todos os palavrões e o espetáculo foi liberado”, conta o hoje padre Barradas, ordenado em 1992. Este depoimento está no livro “A censura no Pará – a mordaça a partir de 1964”, uma narrativa sobre o papel do regime
Paulo Roberto Ferreira Desde o período colonial até a República, a política de ocupação do território amazônico foi baseada no deslocamento de populações de outros continentes e até mesmo de outras regiões brasileiras. Além de dominar o espaço, o processo migratório governamental, orientado para a área rural, sempre visou, também, a exportação de produtos da floresta, a produção e abastecimento interno de alimentos e criação de um mercado consumidor de bens manufaturados fora da região. As vias de penetração no território amazônico eram os rios. A busca pelas chamadas “drogas do sertão” e, posteriormente, a extração do látex da seringueira alargaram o conhecimento e o domínio sobre a região. Segundo Santos (1980) “em 1730, graças ao trabalho de missionários e dos colonos, a exportação do cacau alcançou 28.216 arroubas; em 1740, 58.910. Por essa altura o produto representava, em valor, mais de 90% das exportações regionais” (SANTOS, 1980, p. 17). Ao perceber o potencial econômico do