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Violência, repressão e sequestro de bebês

“Depois da Rua Tutoia”, de Eduardo Reina, será lançado dia 31, em Belém Imagine um parto prematuro sem consentimento da mãe. E realizado clandestinamente. Quando a mãe desperta dos efeitos do sedativo e procura pelo bebê, descobre que simplesmente sua criança desapareceu. A mulher é levada de volta para a cela onde vai conviver com a dor física, o trauma da perda e a incerteza de quanto tempo ainda vai permanecer no cárcere como presa política, enfrentado todo tipo de tortura. Esta trama está narrada no livro “Depois da Rua Tutoia”, de Eduardo Reina, que será lançado em Belém na próxima semana. Jornalista tarimbado e premiado em São Paulo, além de autor e coautor de livros, Reina é um pesquisador dedicado à história recente do nosso País. A convite da Faculdade de Comunicação (Facom/UFPA), Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos (IPF-DH) e Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará, ele participa de um mesa de debate no auditório do Capacit, no campus da UFPA, em Belém, no dia 31 de março, onde vai falar do objeto do seu trabalho e do livro que lançou ano passado. A história desenvolvida pelo jornalista mostra o que aconteceu com a militante de Mauá (SP) e presa política que teve uma filha dentro do cárcere. É o desenrolar das vidas dos personagens, entre a realidade e ficção, depois da prisão no prédio do DOI-CODI, na Rua Tutoia, na capital paulista, quando a bebê foi arrancada da mãe e entregue a um poderoso e influente empresário, que comandava um grupo financiador de movimentos de repressão, principalmente os clandestinos. O escritor indaga por que depois de 53 anos passados do golpe militar de 1964, o Brasil não investigou a fundo esta realidade, como na Argentina, onde são registrados cerca de 500 casos e 149 estão solucionados? Existiam maternidades clandestinas, como nos países do Cone Sul, durante os anos de chumbo? Ocorreram quantos casos de bebês roubados de mães que lutaram contra a ditadura e entregues a empresários que financiaram o regime de exceção? E qual a razão de não ter havido investigação sobre esse doloroso, mas presente tema da história brasileira, durante os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade? E se houve alguma busca, por que não foi levada adiante? Serviço O debate e o lançamento do livro “Depois da Rua Tutoia”, vão acontecer dia 31 de março, às 9 horas, no auditório do Capacit, no Campus da UFPA, em Belém. Promoção da Facom, IPF-DH e OAB-Seção Pará.

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