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Mostrando postagens de maio, 2020

Bruno Sechi também defendeu a reforma agrária, combateu a violência no campo e foi solidário com os padres e posseiros do Araguaia

A luta e empenho do Padre Bruno Sechi pelo direito da criança e do adolescente marcou sua trajetória de vida. Deixou uma obra extraordinária de respeito, acolhimento e orientação às crianças pobres da periferia de Belém. Sua morte, na última sexta-feira (29/06/20), comoveu a população da cidade. Seu espírito humanista norteou também sua atuação em outras áreas da igreja católica, como por exemplo, na Comissão Arquidiocesana, onde atuou com muita firmeza na defesa dos interesses dos camponeses e da ação pastoral da chamada ala progressista do clero brasileiro, identificada com as orientações do Concílio Vaticano II, que “proclamou a necessidade de mudanças nas estruturas de um sistema gerador de injustiças sociais". Italiano da região da Sardenha, Bruno nasceu em 1939 e se naturalizou brasileiro logo que chegou ao Brasil, no final da 1960. Liderou um grupo de jovens na organização da República do Pequeno Vendedor, em solidariedade às crianças que trabalhavam no mercado do Ver-O-

Campanha MARAJÓ VIVO - Covid 19 cresce assustadoramente nos municípios do arquipélago

Todos já ouviram falar da grandiosidade do arquipélago do Marajó, no Pará, na confluência dos rios Amazonas, Pará, e do oceano Atlântico. Conta com 16 municípios e aproximadamente 3 mil ilhas e ilhotas. Um mundo de água, com áreas de floresta, campos naturais, lagos e um labirinto de furos, canais e igarapés. De janeiro a maio, boa parte do território fica alagado. E na estiagem, no segundo semestre, algumas áreas enfrentam seca que chega a rachar o solo dificultando a captação de água para consumo humano e animal. A região abriga o maior rebanho de búfalos do País e o queijo artesanal do Marajó é um dos mais premiados no Brasil e do mundo. A produção de peixe de captura é extraordinária e um levantamento já identificou mais de 60 espécies comercializáveis. A região dispõe de belas praias de água doce e abriga a Floresta Nacional de Caxiuanã, a Flona mais antiga da Amazônia, criada em 1961 e administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no municí

Um tributo a Luiz Maklouf

A morte do Mak (Luiz Maklouf Carvalho), neste sábado (16/05/2020), mexeu com todas as pessoas que conviveram com ele aqui em Belém. Além da sua contribuição política no movimento estudantil, nos anos 1970, deixou uma marca profunda no processo de construção da Sociedade Paraense de Direitos Humanos - SDDH (1977) e criação do “Resistência” (1978). Junto com Paulo Fonteles e José Maria Souza (ambos já falecidos) ele se empenhou na viabilização do jornal, que nasceu rompendo com o conceito de imparcialidade, objetivismo e sensacionalismo. A biografia do jornalista Maklouf formou-se numa simbiose com o jornal, uma forte referência da luta pela democracia no Pará e no combate à ditadura de 1964. E isto está expresso na capa: “Resistir é o primeiro passo”, bem abaixo do título. E no editorial da primeira edição, a sua linha de compromisso: “um jornal que assuma uma posição, que se coloque ao lado do time mais fraco, sabendo-o, de longe, o mais forte”. Mak foi o primeiro editor do “Resistên

Aldir, o mestre-sala das letras geniais

A morte de Aldir Blanc em plena a pandemia deixou a minha geração impactada. Justo ele que gostava de bateria, provavelmente não resistiria em rimar pandemia com a sua involuntária abstemia. Autor de mais de 600 canções, o psiquiatra doutor Blanc foi um crítico implacável do governo militar. E começou a ser censurado quando fez a letra de “Bicharada”, que continha o verso: “Dona galinha deu à luz em plena festa/E o sapo-boi saiu ferido de uma vista/pois o gorila linha dura pela nova conjuntura/errou seis tiros num Camelo comunista.” Em “O rancho da goiabada” cantou os boias-frias que sonhavam com bife à cavalo, batata frita e sobremesa de goiabada cascão com muito queijo. Homenageou vultos que a história dos vencedores escondia, como João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata (1910), em “O mestre sala dos mares”. O Almirante Negro foi comparado a um mestre-sala e imortalizado no verso da canção feita em parceria com João Bosco: “Glória a todas as lutas inglórias/que através d

HENFIL CITA O RIOCENTRO E O RESISTÊNCIA

Hoje trago mais uma preciosidade da minha arca de relíquias. O cartunista Henfil (Henrique de Souza Filho – 1944 a 1988), ficou conhecido em todo o Brasil por sua participação no jornal alternativo “O Pasquim”. E foi o criador de personagens inesquecíveis como os “Fradinhos”, o “Capitão Zeferino”, a “Graúna”, o “Bode Orelana” e “Ubaldo, o paranóico”. Ele também escrevia uma coluna semanal da revista “IstoÉ”. na forma carta para a sua mãe. Foi lá que Henfil publicou, em 16 de março de 1983, a notícia da invasão da gráfica Suyá, em Belém, e a perseguição aos jornalistas do jornal “Resistência” da SDDH (em outubro de 1982), como parte da escalada da ditadura civil-militar (1964-1985) contra as bancas de revistas e o atentado no centro de convenções Riocentro, na véspera do Dia do Trabalho, no Rio de Janeiro, em 1981. “Mãe, me lembro quando queimavam bancas – iniciou Henfil – e distribuíam listas negras aos jornaleiros. Aquele que teimasse em vender jornais nanicos seria incendiado”. O jo