Paulo Roberto Ferreira Viajar na Amazônia exige uma boa dose de espírito de aventura. Em 1984, eu estava em Xinguara para acompanhar uma discussão sobre os 20 anos do Estatuto da Terra e os conflitos fundiários no sul do Pará. Quando liguei para o Anselmo Gama, chefe de reportagem do jornal O Liberal, a fim de comunicar que minha jornada estava encerrada, recebi outra missão: me deslocar, de ônibus, até o município de Tucumã, ao longo da rodovia PA-279. Garimpeiros tinham invadido uma reserva indígena da etnia kayapó, em São Félix do Xingu, que fica a 232 quilômetros de Xinguara (em linha reta) e 1.039 quilômetros de Belém. A estrada não era asfaltada. E, como estávamos no período de chuva, em pouco tempo tivemos que abandonar o veículo. Uma cratera cortou o nosso caminho. Tivemos que atravessar uma ponte improvisada e passar para uma kombi, que iria somente até Guaritaí, lugar que eu nunca ouvira falar. Encarei. Quando cheguei no destino fui informado pelo dono do pequeno restauran
Memória cultural da Amazônia