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Mostrando postagens de abril, 2020

A SEMENTE DE BABI GUEDES

O ano era 1981 e o mês, novembro. Está lá na página 16, da edição 31 do jornal “Resistência”. A matéria é assinada pela Jeanne Marie e fotos do Miguel Chikaoka. Tem como título “O crítico e alegre teatro de bonecos”. Reportava sobre a chegada a Belém do grupo “Estrela do Norte” liderado por Potenguy Guedes Filho, ou simplesmente Babi Guedes, artista popular do Nordeste, que foi atraído pelo Círio de Nazaré, naquele ano. Ele montou sua empanada colorida nas praças da República, Batista Campos e ao lado do antigo Cinema Moderno, no largo de Nazaré. Fez a alegria das crianças e dos pais. Ficou em Belém por algum tempo, com seus bonecos de madeira. Fez oficinas em vários bairros periféricos, ensinando o seu ofício; tratou de temas como falta de saneamento, saúde e educação em locais como Terra Firme, Pedreira e Telégrafo. Babi explicava, a arte do mamulengo (também conhecida como molengo, momolengo ou mamolengo) deriva de mão mole, molenga. E é “uma forma divertida de criticar a rea

UM GESTO QUE MARCOU 1979

A tradição do esporte como trégua aos conflitos começou na Grécia, no século 776 antes de Cristo e deu origem aos Jogos Olímpicos. Atualmente, o futebol, que mobiliza multidões, desperta intensas paixões, mas, também, gera conflitos e verdadeiras guerras entre as torcidas. Em Belém, onde se realiza um dos maiores clássicos do futebol brasileiro, o “REPA” (Remo x Paysandu), um episódio surpreendeu as duas grandes torcidas do Pará, há 41 anos. Os dois ídolos dos clubes comemoram seus gols com um comportamento inusitado. Em 1979, o jogador Dadá Maravilha, o Dario José dos Santos, tricampeão de futebol pela Seleção Brasileira, no México, e com passagem pelo Flamengo, Atlético Mineiro e Internacional de Porto Alegre, foi contratado pelo Paysandu. Sua chegada a Belém provocou uma grande euforia na torcida do Papão, que não ganhava o campeonato paraense há dois anos. Já o bicampeão Remo, tinha como ídolo o brilhante jogador Bira (Ubiratã Espírito Santo), que foi revelado pelo futebol amapa

Alô, alô correio do interior

Paulo Roberto Ferreira (*) As mensagens radiofônicas ainda hoje são muito utilizadas na Amazônia. As populações ribeirinhas têm o hábito de ligar o aparelho receptor em determinada emissora que transmitem os “recados” aos destinatários que vivem distantes dos seus familiares ou para comunicar uma informação urgente a uma determinada comunidade. Os avisos são transmitidos do mesmo jeito que o emissor escreve, simples, e terminam quase sempre com o bordão: “quem ouvir esta mensagem, favor retransmitir ao seu destinatário”. Ficou famosa a mensagem enviada pela Rádio Difusora de Macapá, por um integrante de uma comunidade do município de Chaves, na ilha do Marajó: “atenção vereador Fulano de Tal, favor devolver os pregos da nossa comunidade”. O cineasta Gavin Andrews foi à emissora, pediu para ver a mensagem, identificou a comunidade e rumou de Macapá (AP) até Chaves (PA). Lá ficou sabendo que um vereador passou pela vila e como precisava reformar o trapiche do s

A LENTA MORTE DOS ENGENHOS

Em maio de 1991 encontrei o amigo e repórter-fotográfico, Paulo Santos. Fazia algum tempo que estávamos fora do ambiente de redação de jornal, onde havíamos trabalhado em duas oportunidades: no “Resistência” e em “O Liberal”, ambos de Belém. Durante o almoço decidimos programar uma matéria sobre a memória dos engenhos de cana de açúcar que produziam, aguardente, rapadura e açúcar mascavo no Baixo-Tocantins. Nosso destino foi o município de Igarapé-Miri, mais precisamente a Vila Maiauatá. Pegamos um barco e descemos o rio Igarapé-Miri e alguns de seus afluentes. Conhecemos as ruinas de alguns engenhos e conversamos com muita gente que trabalhou, forneceu cana e viveu os dias de plena produção como também a fase de declínio daquela atividade. Quando voltamos para Belém, enquanto o Paulo Santos abria contato com o Roberto Jares Martins, superintendente do jornal A Província do Pará, eu ampliei a matéria ouvindo empresários que migraram daquele setor para o comércio de alimentos em Belém.