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Mostrando postagens de junho, 2017

A violência no campo 33 anos atrás

Em 1984 os conflitos pela posse e uso da terra se agravavam no Pará. O fim do regime militar se aproximava e as forças conservadoras ampliavam os seus domínios e reagiam à organização dos trabalhadores rurais e ao apoio que entidades do movimento social prestavam aos camponeses. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), braço da igreja católica, passou a editar um boletim informativo com o nome de “Puxirum” (mutirão) para denunciar a violência contra as populações tradicionais da Amazônia e também divulgar a luta de resistência na terra e o avanço da retomada das entidades sindicais, controladas por pelegos a serviço do latifúndio. Fui chamado para escreve e editar o boletim, a partir da edição nº 2, que passou a ser impresso na Gráfica Suyá, prestadora de serviço da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH). A diagramadora era a Isabel Santos, jornalista que trabalhava na redação do jornal O Liberal, e a ilustradora era a Madi (Madeleine) Bedran, que organizava a documentação

O papel do “Alternativa” na UFPA, em 1977

Já se passaram quarenta anos desde aquele maio de 1977, quando circulou o número 2, do “Alternativa”, jornal dos dirigentes dos Diretórios Acadêmicos Socioeconômico, Biomédico e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em tempos de ditadura militar a pauta tratava do rompimento do silêncio imposto, com a explosão de manifestações estudantis em todo território nacional. Era o grito contra a falta de verbas e o baixo nível do ensino. E nas questões específicas o jornal denunciava a situação dos cursos de Odontologia e Turismo; o desvirtuamento do papel do monitor; o descaso dos professores que faziam da Universidade um “bico”; as turmas fantasmas que a UFPA ofertava, mas as aulas não aconteciam; e a luta das estudantes universitárias que moravam na Casa das Estudantes do Pará (Caesun). O expediente do jornal revela o medo e o cuidado que as lideranças da época tinham do regime político. A repressão espionava estudantes, professores e funcionários, através da Assessoria d

Marcada para morrer

Esta árvore está com os dias contados para desaparecer, sumir da paisagem urbana. A ceiba pentranda, ou melhor, a samaúma, também conhecida como “rainha da floresta”, “mãe de todas as árvores”, “escada do céu” e “árvore da vida”, teimou em nascer num lugar proibido pelos gestores do espaço urbano. Ela ocupa hoje o canteiro central da rodovia BR-316, em Ananindeua (PA), onde está projetado passar o BRT Belém-Marituba. Fiz o registro para que a gente possa lembrar, no futuro, que uma espécie como esta pode alcançar uma altura de 60 a 70 metros; e que seu fruto produz uma fibra semelhante ao algodão. E assim mais uma dádiva da natureza ficará na nossa memória, como a famosa castanheira que desapareceu da entrada de Belém. Hoje, a única coisa que nos remete a ela é um shopping, construído às proximidades daquela que foi a árvore-símbolo da transição entre o rural e o urbano voraz que “destrói coisas belas”, como diz o poeta baiano.