Em ano de eleição municipal a expectativa era grande. Tinha até bolão para saber quem acertava o resultado: liberação ou manutenção do aprisionado bondinho. Tinha sempre um candidato que prometia alforriar o vagão turístico; contava com muitos simpatizantes e aparecia bem na corrida em busca de votos. De outro lado, muitos eleitores apoiavam o postulante que anunciava manter o bondinho encarcerado. O tema dividia a cidade em duas grandes torcidas, semelhante aos clássicos de futebol: Palmeiras e Corinthians; Vasco e Flamengo; Grêmio e Internacional; e Remo e Paysandu. Na pauta das eleições, os outros problemas da cidade eram tratados de forma secundária. O que mobilizava, o que atiçava mesmo os militantes dos partidos era o destino do bondinho. Os discursos polarizavam-se: contra e a favor da circulação do veículo. Formaram-se as torcidas organizadas. Paixão do Bondinho, Nação James Bond eram as dos fanáticos pela liberação do veículo. A favor do enclausuramento, a Charanga da Masmo
Memória cultural da Amazônia