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Mostrando postagens de outubro, 2020

Mausoléu do Bondinho

Em ano de eleição municipal a expectativa era grande. Tinha até bolão para saber quem acertava o resultado: liberação ou manutenção do aprisionado bondinho. Tinha sempre um candidato que prometia alforriar o vagão turístico; contava com muitos simpatizantes e aparecia bem na corrida em busca de votos. De outro lado, muitos eleitores apoiavam o postulante que anunciava manter o bondinho encarcerado. O tema dividia a cidade em duas grandes torcidas, semelhante aos clássicos de futebol: Palmeiras e Corinthians; Vasco e Flamengo; Grêmio e Internacional; e Remo e Paysandu. Na pauta das eleições, os outros problemas da cidade eram tratados de forma secundária. O que mobilizava, o que atiçava mesmo os militantes dos partidos era o destino do bondinho. Os discursos polarizavam-se: contra e a favor da circulação do veículo. Formaram-se as torcidas organizadas. Paixão do Bondinho, Nação James Bond eram as dos fanáticos pela liberação do veículo. A favor do enclausuramento, a Charanga da Masmo

Lei Anilzinho – a lei do posseiro - Experiência de resistência dos camponeses do Baixo Tocantins

A organização dos trabalhadores rurais no Pará criou uma lei que não passou por nenhum parlamento oficial nem foi promulgada por qualquer representante do poder executivo. Foi aprovada pelos lavradores e cumprida por eles mesmos. Virou uma referência para o movimento de luta pela terra no Brasil. A “Lei Anilzinho”, foi instituída num encontro na localidade de Anilzinho, município de Baião, na região do Baixo-Tocantins, nos dias 8 e 9 de julho de 1980. O evento reuniu lideranças de posseiros e pequenos produtores e estabeleceu as regras para resistir e lutar contra os grileiros, que expulsavam e tomavam conta das terras. O registro deste acontecimento foi feito no jornal “Resistência”, edição número 15, de agosto de 1980. A matéria foi escrita por José Maria Souza, professor da UFPA e assessor da Fase Amazônia Oriental. Ilustrada por Lucídio Oliveira Monteiro a narrativa revela que grileiros de terra expulsaram diversas famílias de agricultores que viviam, em sucessivas gerações, em to