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MOSTRA MUNDIAR

Um casarão histórico, um coletivo de artistas mundiados, quatro espetáculos e a força do desejo de reconstruir. A Mostra Mundiar surge assim, por entre escombros, Arte e coletividades, como ação que deseja ajudar na manutenção de uma parte da história do bairro da Cidade Velha de Belém. Nos dias 27 e 28 de abril e 4 e 5 de maio, no Teatro Cláudio Barradas. Ingressos a R$ 20,00, com meia entrada a R$ 10,00. Toda a bilheteria será revertida para a reconstrução de um casarão antigo que teve parte desabada por causa das chuvas neste início de ano. Vem! Serão quatro espetáculos, quatro pesquisas-criação, montadas ao longo do ano de 2018, sendo uma estreia. Cada espetáculo será exibido em apresentação única no Teatro Universitário Cláudio Barradas, durante quatro dias de muita alegria e luta em prol da recuperação da fachada do casarão histórico situado na rua Gurupá n.178, que desmoronou em função das chuvas na cidade. A primeira apresentação é uma estreia, um espetáculo solo de Aníbal Pacha, neste sábado, 27. No domingo, 28, a programação segue com “Curupirá”, de Andrea Flores. Após pausa de uma semana, a mostra retoma seu lugar trazendo “Traços de “Esmeralda”, de Ana Flávia Mendes, no dia 4, e “Kamburão”, com Fabricio Lobo, Maurício Franco e Vandiléia Foro, fechando a ação, no dia 5 de maio. “A Mostra é uma urgência, mas também uma celebração: nossos corpos em cena, anunciando e reunindo outras forças para reerguer, reviver, renascer. Convidamos a todxs para partilhar dessa ação, contribuir conosco, com a memória da cidade e com a Arte que acontece e resiste em Belém”, diz Andrea Flores, atriz palhaça que se apresentará com o espetáculo “Curupirá”, já neste final de semana. CAMPANHA PARA RECUPERAR O CASARÃO DA GURUPÁ Entre as mais de 3 mil edificações tombadas pelo IPHAN, no Centro Histórico de Belém, várias são casarões antigos, inteiramente protegidos, ou em parte por se situarem em áreas de tombamento. Um deles teve perdas graves pela ação forte da chuva, no último dia 13 de março, na Rua Gurupá. Foi perdida parte da lateral da casa e uma parte da fachada do espaço que tinha sido adquirido há quatro meses pelo coletivo artístico Mundiar. “Tínhamos acabado de adquirir a casa e já tínhamos ajeitado o telhado e a pintado, a organizamos e nos mudamos, iniciando um trabalho artístico que deu nome ao espaço como Olaria Mundiar. O resto a gente ia ajeitando devagarinho. No dia 13 de março, percebi que a parede estava esquisita, chamei o mestre de obras, o engenheiro e descobrimos por volta das 16h, que a parede vinha abaixo. Chamamos o Corpo de Bombeiros, mas quando eles chegaram a parede já tinha desabado. Foi então que começamos uma batalha para reconstruir”, conta Iara Souza, do coletivo Mundiar que organiza a mostra de espetáculos. Após a queda da lateral e da fachada foi feita uma intervenção de estruturação da casa, com a escora de todas as paredes, do telhado. “Apesar de termos perdido a parte lateral, a parede não desceu. Nós estamos com um arquiteto e um engenheiro e estamos fazendo tudo dentro da legalidade, com projeto que tem que ser aprovado pela Fumbel e IPHAN, e aí precisa de laudo e isso tudo encarece”, explica a artista visual e iluminadora. Será realizado um trabalho minucioso, com objetivo de recuperar a fachada original da casa. Com apoio dos alunos da Escola de Teatro e Dança da UFPA foram resgatamos quase todos os azulejos do frontal que caíram. “Nossa ideia é realmente recuperar a casa e essa fachada, só que quanto mais próximo do que era a fachada, a gente deixa a casa, mais caro fica tudo, por isso a gente esta fazendo esta campanha para arrecadar as coisa”, finaliza. BAZAR - Além da mostra de espetáculos, no Teatro Cláudio Barradas, também está programado para o dia 10 de maio, um bazar de objetos, roupas, livros, venda de comidinhas e bebidinhas e programação artística, no dia 10 de maio, das 10h às 22h, num outro casarão situado também na Cidade Velha – Rua Dr. Malcher, 267, entre Pedro Albuquerque e Joaquim Távora. “A reconstrução é uma questão de respeito ao patrimônio histórico e cultural da Cidade Velha, mas é também fazer existir nesta residência/atelier um espaço de arte chamado Olaria Mundiar, um lugar habitável para as experimentações artísticas. A Mostra Mundiar com os quatro trabalhos que ela apresenta nos dá uma leitura da potência desse tipo de pesquisa, podemos dizer que são experimentos das fronteiras da cena", conclui Vandileia Foro, do espetáculo “Kamburão”, e uma das gestoras da Olaria Mundiar. (Luciana Medeiros/Holofote Virtual)

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