O extinto jornal “Folha do Norte” publicou que a Universidade Federal do Pará estava preparando um “espetáculo subversivo”. Tudo porque a instituição tinha convidado o diretor gaúcho Lineu Dias para desenvolver o projeto de Estudo de Pesquisas Teatrais. O texto escolhido foi “Pedreira das Almas”, do dramaturgo Jorge Andrade. Depois de quatro meses de ensaio, o ator Cláudio Barradas, que interpretava o coronel que comandava uma mina de ouro no século 19, recebeu uma missão. Antes da apresentação para a censura, Lineu Dias sugeriu ao ator: “Barradas, sempre que você puder, use palavrões, eles vão se prender a isso e esquecem o resto”. Mas como ele não avisou aos demais integrantes do elenco, os outros atores pensavam que Barradas tinha enlouquecido. “O pessoal da censura cortou todos os palavrões e o espetáculo foi liberado”, conta o hoje padre Barradas, ordenado em 1992. Este depoimento está no livro “A censura no Pará – a mordaça a partir de 1964”, uma narrativa sobre o papel do regime que afetou a área da comunicação e da cultura. Neste ano que marca os 60 anos do golpe militar de 1964 a leitura da obra é uma oportunidade para quem não viveu aquele período e também para os que não lembram mais dos efeitos devastadores de viver um período ditatorial. Foi lançado em 2015 e encontra-se a venda na livraria da Editora Paka-Tatu (rua Bernal do Couto, 785 – Umarizal); na livraria Travessia (Av. Alcindo Cacela, 1404 – Nazaré); e nas lojas da Leitura (Shopping Pátio Belém e Boulevard Shopping Belém).
Felipe Alves de Macedo, o Filipinho, deixou a Terra. Foi ao encontro de seus companheiros de luta no Araguaia: Raimundo Ferreira Lima (Gringo), João Canuto, Expedito Ribeiro e tantos outros bravos camponeses que lutaram e tombaram na luta pelo direito de viver e produzir no campo. Dedicou seus 81 anos de vida ao cultivo da terra como animador de comunidade, na organização e resistência dos lavradores, em Conceição do Araguaia. Filipinho foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Pará) e membro do Partido dos Trabalhadores. Viveu parte de sua vida sob ameaça de pistoleiros a serviço do latifúndio. O ex-dirigente do STTR fez parte de uma lista de “marcados para morrer”. O repórter-fotográfico João Roberto Ripper, que integrou a agência F-4, fez um registro, em 1980, com seis pessoas ameaçadas: Maria da Guia, Josimar, Filipinho, Oneide Lima (viúva do Gringo), Luiz Lopes e João Pereira. O jornalista, em...


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