Todos já ouviram falar da grandiosidade do arquipélago do Marajó, no Pará, na confluência dos rios Amazonas, Pará, e do oceano Atlântico. Conta com 16 municípios e aproximadamente 3 mil ilhas e ilhotas. Um mundo de água, com áreas de floresta, campos naturais, lagos e um labirinto de furos, canais e igarapés.
De janeiro a maio, boa parte do território fica alagado. E na estiagem, no segundo semestre, algumas áreas enfrentam seca que chega a rachar o solo dificultando a captação de água para consumo humano e animal.
A região abriga o maior rebanho de búfalos do País e o queijo artesanal do Marajó é um dos mais premiados no Brasil e do mundo. A produção de peixe de captura é extraordinária e um levantamento já identificou mais de 60 espécies comercializáveis.
A região dispõe de belas praias de água doce e abriga a Floresta Nacional de Caxiuanã, a Flona mais antiga da Amazônia, criada em 1961 e administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no município de Melgaço. O Museu Emílio Goeldi possui uma base de pesquisa dentro da Flona, a Estação Científica Ferreira Pena.
Mas, infelizmente, é também no Marajó que estão os piores indicadores econômicos e o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Segundo a Agência Pública, que cita o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil:
“Os municípios de Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras, Portel, Santa Cruz do Arari e São Sebastião da Boa Vista figuram entre as piores colocações do ranking. Apenas os municípios de Salvaterra e Soure ocupam uma posição mediana. O município de Melgaço está em último lugar na lista, na 5565° colocação (https://apublica.org/truco2018/2018/08/17/idh-no-marajo-paulo-rocha-acerta-ao-dizer-que-os-municipios-da-regiao-tem-os-piores-indices-do-brasil/).
O meio de transporte predominante para os municípios do Marajó é o fluvial. São navios, barcos, lanchas, canoas, rabetas, balsas e outras embarcações que fazem a ligação entre as cidades, povoados e Belém, a capital do Estado. Neste período de pandemia do coronavírus o arquipélago está sendo fortemente impactado, por conta da reduzida infraestrutura sanitária e de saúde.
Só existe um hospital público de alta e médio complexidade, na cidade de Breves, a 222 quilômetros de Belém, o Hospital Regional Público do Marajó (HRPM), com 70 leitos, para atender uma população de mais de 300 mil habitantes da chamada regional ocidental do arquipélago, composta por nove municípios (Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Curralinho, Gurupá, Portel, Melgaço e São Sebastião da Boa Vista). Para atender às vítimas da Covid19, o Estado providenciou um hospital de campanha também em Breves, com 56 leitos clínicos e quatro UTIs.
Já na parte oriental do Marajó, constituída pelos municípios de Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Santa Cruz do Arari, Salvaterra e Soure não existe hospital de médio a alta complexidade, nem hospital de campanha. O governo estadual sinaliza com a instalação de uma unidade em Soure, mas o acesso seria muito ruim para quem mora em Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista, Ponta de Pedras e Muaná. A distância é grande.
Existe proposta importante de se instalar um hospital de campanha em Cachoeira do Arari e providenciar, pelo menos, quatro UTIs em todos os hospitais públicos e privados dos 16 municípios do arquipélago. O avanço da doença na região está produzindo pânico na população. Dados da Secretaria de Saúde revelam que no período de 1º a 22 de maio, houve um crescimento de 816% no número de casos registrados e de 568% na quantidade de óbitos na região do Marajó.
Para manter o isolamento social, a população mais pobre do Marajó necessita de ajuda e solidariedade, já que boa parte da população é de pescadores, vaqueiros e extrativistas que também criam animais. Para ter renda, os trabalhadores buscam mercados para vender seus produtos na região ou em Belém.
Surgiu a ideia da campanha MARAJÓ VIVO, que reúne pesquisadores, lideranças religiosas e pessoas que se preocupam com a situação da região. O objetivo é esclarecer a população sobre os efeitos da doença e os cuidados necessários para evitar a contaminação. Visa também angariar ajuda financeira para bancar a aquisição e distribuição de cestas básicas, máscaras, álcool em gel e produtos de higiene pessoal.
A coordenação da campanha é da pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, Dra. Ima Vieira, que está empenhada, junto com várias instituições, em pressionar o Poder Público a garantir assistência aos doentes, bem como a instalação de hospitais de campanha e leitos de UTIs. Para contribuir com a campanha MARAJÓ VIVO, qualquer pessoa pode depositar na conta da Diocese de Ponta de Pedras:
Banco do Brasil
Ag. 1686-1
C/c 34368-4
CNPJ 04.696.357/0001-07
(Texto e fotos: Paulo Roberto Ferreira)















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