Hoje, 25 de julho, marca o Dia do Lavrador. Um dia de refletir sobre a importância do trabalhador e da trabalhadora da terra. Gente que produz alimentos para a mesa de todos. Que planta e cria. Especialmente os que integram a agricultura familiar. Para homenagear esse segmento social destaco a figura de uma grande liderança camponesa que dedica a sua vida à organização dos trabalhadores do campo. Avelino Ganzer, um gaúcho de Iraí (RS), instalado nas margens da rodovia Transamazônica, nos anos 1970, forjou-se na luta de resistência, ainda durante o regime militar, ajudando a construir delegacias sindicais e na pauta pelo direito de produzir.
Do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (PA), Avelino se destacou como liderança no movimento que articulava a criação de uma central sindical nacional, unindo trabalhadores urbanos e rurais. Ajudou na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e integrou a primeira direção da entidade, logo no início dos anos 1980. Daí em diante tornou-se uma referência para todo o País, apoiando a organização do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra e a reconquista da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag).
Do Acre ao Rio Grande do Sul. Da Paraíba ao Mato Grosso, a vida de Avelino era percorrer o País ajudando na reflexão sobre a necessidade da luta pelo direito à terra, por políticas públicas que garantissem o acesso ao crédito, assistência técnica e inovação tecnológica. Seu carisma, sua firmeza na defesa dos interesses dos rurais se espalharam pelos quatro cantos do Brasil. Nem a força da ditadura conseguiu deter Avelino, nem a fúria de latifundiários, madeireiros e grileiros.
Mas, por conta de suas andanças, o líder da Transamazônica sofreu dois duros revezes: o ônibus que o transportava, em 1986, após regressar de um congresso nacional, caiu de cima de um viaduto, em Conselheiro Lafaiete (MG), causando a morte de 11 lideranças rurais. Outro acidente que Avelino sobreviveu foi à queda do avião comercial da TABA, em 5 de junho de 1990. O voo entre Belém e Cuiabá caiu a um quilômetro de Altamira (PA). Morreram 22 pessoas e sobreviveram 20. Nada disso, porém impediu o líder camponês de prosseguir trabalhando em várias frentes em defesa da agricultura familiar.
Hoje Avelino mora em Benevides (PA) e segue na militância do movimento social. Sua vida faz parte da história de pessoas imprescindíveis na construção de uma sociedade baseada na solidariedade e fraternidade. Mais informação sobre Avelino Ganzer no site abaixo:
http://www.fgv.br/cpdoc/historal/arq/Entrevista1596.pdf
(Paulo Roberto Ferreira)

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