Já se passaram quarenta anos desde aquele maio de 1977, quando circulou o número 2, do “Alternativa”, jornal dos dirigentes dos Diretórios Acadêmicos Socioeconômico, Biomédico e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em tempos de ditadura militar a pauta tratava do rompimento do silêncio imposto, com a explosão de manifestações estudantis em todo território nacional. Era o grito contra a falta de verbas e o baixo nível do ensino. E nas questões específicas o jornal denunciava a situação dos cursos de Odontologia e Turismo; o desvirtuamento do papel do monitor; o descaso dos professores que faziam da Universidade um “bico”; as turmas fantasmas que a UFPA ofertava, mas as aulas não aconteciam; e a luta das estudantes universitárias que moravam na Casa das Estudantes do Pará (Caesun).
O expediente do jornal revela o medo e o cuidado que as lideranças da época tinham do regime político. A repressão espionava estudantes, professores e funcionários, através da Assessoria de Segurança e Informação (ASI), braço do Serviço Nacional de Informação (SNI), dentro dos órgãos públicos federais. Nenhum nome figura como responsável ou como autor de matérias, artigos e ilustrações. Mas quem escrevia os textos eram eu, Afonso Klautau (estudante de História), Luiz Maklouf de Carvalho (Direito), Nise Jinkings (Psicologia), José Otávio Pires (Economia), Durbiratan Barbosa e Amilcar Ximenes (Medicina). O diagramador e ilustrador desta edição foi o Sérgio Bastos. Mas a primeira edição (não tenho nenhum exemplar) foi diagramada pelo Orly Bezerra, de quem me tornei amigo em 1976, quando trabalhei pela primeira vez em O Liberal. O “Alternativa” era impresso na Gráfica Salesiano, dirigida pelo gráfico Paulo Rocha, também instrutor da Escola Salesiano do Trabalho.
Outras lideranças que integravam a direção do Movimento Estudantil (ME) naquela conjuntura (1976/1977): Léa Klautau, Egídio Sales Filho, Fátima Pinheiro, Vera Tavares, Milton Cordeiro, Alonso Lins, Ligia Maria, Cristina Genu, Cika, Sandra Fonseca e outros que não lembro agora. Mas espero que os colegas citados aqui possam suprir essa lacuna da minha memória. O nome do jornal estava ligado ao movimento que iniciou a disputa pela reconquista dos diretórios, até então controlados por pessoas ligadas à Reitoria. Depois de ganhar a direção de três Diretórios, o movimento avançou em sua organização e, no último semestre de 1977 adicionou mais dois ao campo da resistência à ditadura: Letras e Educação. Isso permitiu (somado aos três primeiros) retomar o Diretório Central dos Estudantes (DCE), pela via indireta, já que a regra da época previa que a representação máxima dos estudantes deveria ser eleita pelo voto dos dirigentes dos oito diretórios. Até aquele momento ainda não existiam os Centros Acadêmicos. Mas isso é história para outro momento.
Felipe Alves de Macedo, o Filipinho, deixou a Terra. Foi ao encontro de seus companheiros de luta no Araguaia: Raimundo Ferreira Lima (Gringo), João Canuto, Expedito Ribeiro e tantos outros bravos camponeses que lutaram e tombaram na luta pelo direito de viver e produzir no campo. Dedicou seus 81 anos de vida ao cultivo da terra como animador de comunidade, na organização e resistência dos lavradores, em Conceição do Araguaia. Filipinho foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Pará) e membro do Partido dos Trabalhadores. Viveu parte de sua vida sob ameaça de pistoleiros a serviço do latifúndio. O ex-dirigente do STTR fez parte de uma lista de “marcados para morrer”. O repórter-fotográfico João Roberto Ripper, que integrou a agência F-4, fez um registro, em 1980, com seis pessoas ameaçadas: Maria da Guia, Josimar, Filipinho, Oneide Lima (viúva do Gringo), Luiz Lopes e João Pereira. O jornalista, em...







Falta o nome da Jane Beltrão.
ResponderExcluirOk. Muito obrigado.
ExcluirMuito bom! Parabéns pai.
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