Pular para o conteúdo principal

O fracassado Plano Nacional de Reforma Agrária e a reação da UDR

Em outubro de 1985 o primeiro presidente civil, após a Ditadura Civil-Militar (1964/1985), José Sarney, lançou o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), com a meta de assentar 1,4 milhão de famílias de agricultores. Mas a reação dos fazendeiros foi imediata. O atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado, percorreu o Brasil para divulgar a criação da União Democrática Ruralista (UDR) e ameaçava enfrentar com armas à implantação do plano. Mais de 200 camponeses foram assassinados entre 1986 e 1987 e os assentados foram apenas 140 mil famílias, ou seja, 10% da meta do PNRA. A foto 01 (de 18 de abril de 1986) revela o momento de uma coletiva à imprensa, convocada pela CUT e por entidades de direitos humanos, para denunciar a violência no campo, por meio do simulado “Tribunal da Terra”. Em pé (da esquerda para a direita): advogado José Carlos Castro, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA e do núcleo jurídico da SDDH; padre Ricardo Rezende Figueira, da Diocese de Conceição do Araguaia e hoje professor de direitos humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro ; Aluísio Leal (advogado); Egídio Sales Filho, também da CDH da OAB e do NJ da SDDH; padre Josimo Moraes Tavares, da CPT, assinado dia 10 de maio de 1986 (menos de uma mês da denúncia que fez em Belém sobre o primeiro atentado que sofreu no dia 15/04/86), em Imperatriz (MA); Flávio Pachalski, jornalista e assessor da CUT nacional. Sentados (da esquerda para a direita): Miguel Chikaoka, repórter-fotográfico; Lilian Afonso, repórter da TV Cultura; Luiz Eduardo Greenhalgh, do Comitê Brasileiro pela Anistia e advogado do Movimento Sem-Terra; Avelino Ganzer, vice-presidente da CUT nacional; Jair Meneguelli, presidente da CUT nacional; Fátima Gonçalves, repórter de “A Província do Pará”; Ruth Vieira, jornalista; e Ana Márcia Pantoja, repórter de “O Liberal”. Na foto 2, coletiva do Mirad (Ministério da Reforma Agrária e Desenvolvimento) para anunciar o PNRA. Da esquerda para a direita os jornalistas Lúcio Flavio Pinto, Estado de São Paulo; Euclides Chembra Bandeira, de “A Província do Pará”; o ministro Nelson Ribeiro; Paulo Roberto Ferreira, jornal “O Liberal”; Dalvino Flores, Rádio Cultura do Pará; e Carlos Mendes, Diário do Pará.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O valor da grude para o pescador de Vigia

Encontrei no site MFRural(http://www.mfrural.com.br/busca.aspx?palavras=grude)o seguinte anúncio: "Estou a procura de bucho ou grude de pescada amarela ou corvina para exportar para Hong Kong/China e Estados Unidos". Trata-se de um espaço virtual onde compradores e vendedores se encontram para fechar negócios sobre produtos do campo e da água. Então pude compreender melhor a importância do anúncio que vi e fotografei na orla do município de Vigia de Nazaré, na região do Salgado, no Pará. A grude ou bexiga natatória de determinadas espécies de peixes ósseos, auxilia o animal a se manter em determinadas profundidades. Após ser beneficiada, a grude tem diversos usos, como colas de alto teor de adesão, bem como pode ser utilizado pela indústria espacial em operações cirúrgicas de alta precisão. O pescador coloca para secar por três a quatro dias a grude antes de vender por um preço que varia entre R$ 20 e R$ 30. Mas em grande quantidade o preço no mercado exportador chega até R...

36 anos da entrevista com Quintino e a resistência camponesa no Alto Guamá

Eu nem lembrava que foi no dia primeiro de agosto de 1984 que publiquei, no jornal O Liberal, a primeira entrevista com Quintino Silva Lira, líder dos posseiros da Gleba Cidapar, que reagiu à grilagem de terras e organizou um grupo para resistir aos pistoleiros da região da Pará-Maranhão (rodovia BR-316) entre os rios Guamá e Gurupi. Quem me ajudou a recordar aquele trabalho foi a pesquisadora Juliana Patrizia Saldanha de Souza, de Santa Luzia do Pará, mestra em Linguagens e Saberes na Amazônia pela Universidade Federal do Pará. Acompanhei desde 1983 aquele conflito fundiário que envolvia 10 mil famílias de pequenos agricultores e empresas agropecuárias, numa área de 387 mil hectares. Compartilho aqui a postagem que a Juliana fez sobre o nosso encontro virtual, em 15/08/20. As fotos são do repórter-fotográfico Alexandre Lima, durante uma de nossas reportagens na Gleba Cidapar, um ano antes da entrevista, em 25 de setembro de 1983. Diário de uma Pesquisadora: QUINTINO LIRA e eu! ...

Após o regatão, o rádio e a televisão

Atendendo ao pedido de várias pessoas, publico abaixo o artigo apresentado em 2005, em Novo Hamburgo (RS), no 3º Encontro Nacional da Rede Alfredo Carvalho (Rede Alcar), no GT sobre História do Rádio. Após o regatão, o rádio e a televisão Paulo Roberto Ferreira Resumo: A primeira emissora de rádio surgiu na Amazônia em 1928. Foi a Rádio Clube do Pará, em Belém, que teve um papel muito importante como veículo de integração. Antes do rádio, o contato entre o homem do interior da região e o mundo urbano, era feito pelo barco que abastecia os seringais e pequenas povoações com suas mercadorias. A “casa aviadora” ou “regatão” quebrava o isolamento e levava também as cartas dos parentes que viviam nas localidades, às margens dos rios. A televisão só chegou em 1961. Em Manaus muita gente captava o sinal de uma emissora da Venezuela, antes da chegada da primeira TV local. Mas, ainda hoje, na era da comunicação digital, o rádio cumpre importante papel na Amazônia, já que naquele imenso...