Em 1999 o músico Sebastião Tapajós me concedeu uma entrevista, em Santarém, para falar de sua volta à região Oeste do Pará, após morar mais de 40 anos fora de sua terra. Era um sonho que acalentava durante décadas. Queria poder navegar pelos rios Tapajós, Arapiuns e outros. Ele nasceu dentro de um barco, no rio Surubiú, em frente a cidade de Alenquer, e foi registrado com o nome de Sebastião Pena Marcião, em abril de 1943.
Festejado nas principais metrópoles mundiais, o músico paraense era pouco conhecido em sua terra. Vendia mais disco no exterior que no Brasil. Não tinha comparação, também, o que recebia em direito autoral na Alemanha e no Japão, por exemplo, em relação ao que lhe pagavam aqui. Trazia no currículo a participação em concertos com ícones da música internacional, como Astor Piazzolla, Oscar Peterson, Paquito D'Rivera e de consagrados compositores brasileiros como Baden Power, Altamiro Carrilho, Hermeto Pascoal, Sivuca, Egberto Gismont, Paulo Moura e outros.
Segundo a enciclopédia Wikipédia, além de sua obra como instrumentista, Sebastião Tapajós é autor de várias canções, em parceria com Marilena Amaral, Paulinho Tapajós, Billy Blanco, Antônio Carlos Maranhão, Avelino do Vale e outros compositores. Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Emílio Santiago, Miltinho, Pery Ribeiro, Jane Duboc, Maria Creuza, Fafá de Belém, Nilson Chaves, Ana Lengruber e Cristina Caetano, entre outros.
Pessoa simples, Tapajós estava contente com seu retorno a Santarém e dizia, na entrevista de 1999, que a beleza da região o inspirava e servia também para recarregar suas baterias. Muitas composições do instrumentista foram batizadas com nomes de rios, pássaros, peixes e etnias indígenas. Apesar do prestígio, ele nunca discriminou casas de espetáculos: “não faço diferença de palco, gosto de mostrar o meu trabalho para qualquer tipo de plateia, principalmente para gente simples, que sempre demonstra uma grande sensibilidade para a música”.
Na época eu trabalhava para o jornal Gazeta Mercantil e quem fez as fotos foi o repórter-fotográfico Oldemar Alves. A matéria foi publicada em vários cadernos regionais, impressos simultaneamente com a edição nacional do jornal. Esta que aqui vai reproduzida foi editada no dia 21 de junho de 1999 no caderno “Gazeta Mercantil Amazonas”. Faço este registro para homenagear um dos maiores músicos e compositores do planeta, mas que continua invisível para a mídia de massa no Brasil.
Felipe Alves de Macedo, o Filipinho, deixou a Terra. Foi ao encontro de seus companheiros de luta no Araguaia: Raimundo Ferreira Lima (Gringo), João Canuto, Expedito Ribeiro e tantos outros bravos camponeses que lutaram e tombaram na luta pelo direito de viver e produzir no campo. Dedicou seus 81 anos de vida ao cultivo da terra como animador de comunidade, na organização e resistência dos lavradores, em Conceição do Araguaia. Filipinho foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Pará) e membro do Partido dos Trabalhadores. Viveu parte de sua vida sob ameaça de pistoleiros a serviço do latifúndio. O ex-dirigente do STTR fez parte de uma lista de “marcados para morrer”. O repórter-fotográfico João Roberto Ripper, que integrou a agência F-4, fez um registro, em 1980, com seis pessoas ameaçadas: Maria da Guia, Josimar, Filipinho, Oneide Lima (viúva do Gringo), Luiz Lopes e João Pereira. O jornalista, em...


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