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Nem Greenpeace e nem o Macron roubaram a cena - Boi Marronzinho, Grupo Tunama e performance dinamizam Semana MultiverCidades

A Semana MultiverCidades da Amazônia:Acesso à Justiça e Direito Cidade movimentou nos dias 5 e 6 de novembro muitos atores sociais, em vários espaços, com uma pauta ampla: acesso à justiça, territórios, biomas, cidadania, degradação, resistência, desesperança, caminhos coletivos, saneamento, inovação, urbano, rural, intercâmbio, violência, preconceito, saberes, vulnerabilidade, etc. Tudo junto e misturado com muita cidadania. Uma sinalização clara que é preciso conhecer, enfrentar e buscar juntos, acadêmicos e lideranças populares, alternativas de solução aos problemas da comunidade.   Teve reunião em auditórios e salas da Universidade Federal do Pará e visitas técnicas às comunidades. Pesquisadores pisaram no chão do Curral Cultural Boi Marronzinho, no bairro da Terra Firme, em Belém, que existe há 32 anos. Além de proporcionar lazer, atua como uma ferramenta de mobilização social e foca sua atuação nas áreas de direito à cidade, sustentabilidade, educação e segurança alimentar. Os p...
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Filipinho, um exemplo de coragem e resistência

Felipe Alves de Macedo, o Filipinho, deixou a Terra. Foi ao encontro de seus companheiros de luta no Araguaia: Raimundo Ferreira Lima (Gringo), João Canuto, Expedito Ribeiro e tantos outros bravos camponeses que lutaram e tombaram na luta pelo direito de viver e produzir no campo. Dedicou seus 81 anos de vida ao cultivo da terra como animador de comunidade, na organização e resistência dos lavradores, em Conceição do Araguaia. Filipinho foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Pará) e membro do Partido dos Trabalhadores. Viveu parte de sua vida sob ameaça de pistoleiros a serviço do latifúndio. O ex-dirigente do STTR fez parte de uma lista de “marcados para morrer”. O repórter-fotográfico João Roberto Ripper, que integrou a agência F-4, fez um registro, em 1980, com seis pessoas ameaçadas: Maria da Guia, Josimar, Filipinho, Oneide Lima (viúva do Gringo), Luiz Lopes e João Pereira. O jornalista, em...

“A Cutia e a Castanheira” na avaliação de Daniel Leite

“A Cutia e a Castanheira” é um livro muito pedagógico. Aborda a questão da Amazônia, uma história de animais reunidos no momento de aflição, da destruição da sua casa, da terra, da Amazônia, e como é possível reerguer essa casa. Então a gente pode falar que estamos diante de uma narrativa territorial que parte de uma aldeia, a Amazônia, para pensar o mundo, para pensar a humanidade, para pensar a terra, para pensar todos nós, como filhas e filhos da floresta. Ao mesmo tempo que é uma narrativa de um habitat, estamos diante de uma reunião de animais em um momento de aflição, conversando e pensando como não morrer, como resistir, como reerguer a casa, a terra, a floresta. É uma narrativa que vai além de uma fábula. Estamos diante de uma Cutia que partilha saberes da floresta. A Cutia, o Tatu, a Coruja, o Macaco estão conversando sobre a gente, sobre essa casa que é a casa de todos nós. Bichos, pessoas e árvores. Então é uma narrativa muito bonita por essa perspectiva da alteridade. Eu ...

Maria Firmina e Felipa Aranha

Neste mês da Consciência Negra recomendo a leitura de dois livros maravilhosos. O primeiro é “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, e o segundo é “Felipa Aranha - A guerreira da Amazônia”, de Rusevelt Silva Santos. “Úrsula” foi o primeiro romance escrito por uma mulher negra, nordestina e precursora do Abolicionismo. Em São Luís (MA), onde nasceu, existe um busto da autora na Praça do Pantheon. E no centro da cidade foi inaugurado o Solar Cultural da Terra de Maria Firmina dos Reis, na rua Rio Branco. Já o escritor Rusevelt Santos, autor de “Felipa Aranha - A guerreira da Amazônia”, nasceu em Xambioá (TO) e mora em Tucuruí (PA). Ele pesquisou e romanceou a história de Felipa Aranha, que foi arrancada da África e vendida no Ver-o-Peso para um fazendeiro do Baixo Tocantins, passou por todo tipo de maus-tratos e violência. Quando se tornou adulta fugiu do cativeiro e liderou um movimento que libertou centenas de escravos e fundou vários quilombos, onde hoje estão delimitados os municípios ...

“Olho de boto”, o amuleto que virou canção

Transcrito do blog Memórias do Pará, de José Carneiro Certamente muitas pessoas – ainda que nativas destas paragens amazônicas – não sabem o que é, ou simplesmente nunca viram, um olho de boto. Ao vivo, por exemplo, é empreitada um tanto difícil pois mesmo quando se percebe os simpáticos cetáceos por perto de alguma embarcação, raramente se consegue observar bem os seus os olhos, quase sempre semi-abertos. Por outro lado, boa parte da população sabe para que serve o olho de boto que se compra nas feiras, nas barracas de venda de mandingas, simpatias, banhos e outras coisas do gênero. Você, caro leitor, sabe pra que serve o olho de boto? Conforme uma mandingueira que entrevistei na feira do Ver-o-Peso para tratar deste assunto, ele serve para suprir quase todas as carências do ser humano, sendo tantas as suas finalidades benfazejas que não tenho espaço suficiente para relacioná-las. Um exercício de imaginação de qualquer um pode resolver, facilmente, ess...

A figa verde e a misteriosa mulher de branco

Tive o privilégio de ler o manuscrito e poder comentar com o autor minhas primeiras impressões sobre esse livro que, meses depois, me chega às mãos antes do lançamento, como um presente precioso, em exemplar muito bem-acabado pela Editora Paka-Tatu. Minhas reações seriam possivelmente previsíveis, como serão a de outros leitores que estiveram presentes no ambiente e tempo político em que a trama se desenvolve nos revelando um autor maduro, consciente da gravidade e ferocidade do regime político que abatia a sociedade brasileira naquele momento. O texto traz 72 capítulos curtos com um alto grau de impacto psicológico por conta das diversas formas descritas de autoritarismo e violência física e moral contra crianças e adultos, provocadas por autoridades institucionais (soldados, madre superiora, governo militar...) e por um clima de permanente ameaça. Algumas passagens me pareceram familiares e fui checar nas outras publicações que eu já tinha lido de Paulo Roberto Ferreira. Confirmei q...

Atrás do Tempo lança single “Os Cravos”

A partir de hoje (21/04) a banda “Atrás do Tempo” lança uma das 20 músicas que estarão brevemente no álbum “Entrelaços”. O lançamento do single “Os cravos” soma-se aos eventos em homenagem pelos 50 anos da “Revolução dos Cravos”, que se comemora no dia 25 de abril (quinta-feira), em Portugal. Inspirada no movimento que pôs fim a ditadura salazarista no país lusitano, em 1974, a letra começou a ser costurada durante o período da pandemia do coronavírus. Faz referência à luta contra o neonazismo, simbolizado pela “besta-fera” e às lutas de resistência na Amazônia, como a Revolta dos Tupinambás, em 1618, e a Cabanagem, em 1835. E, ainda, ao processo de eleição presidencial no Brasil, em 2022. A música é assumidamente inspirada em uma canção que transcende o tempo e uniu várias gerações: “Tanto Mar”, de Chico Buarque, lançada em 1975. Nela Chico também se refere a Revolução dos Cravos. Os autores de “Os cravos”, Norberto Ferreira, Paulo Roberto Ferreira e Marcelo Carvalho, evocam os cravo...